Ceará mortes de suspeitos em confronto com a Polícia crescem 26%

Mais de 100 pessoas que teriam cometido algum crime foram mortas em ações policiais, em 2016. Dezembro foi o mês com o maior número de mortes, e janeiro de 2017 já supera o primeiro mês do ano passado inteiro

O número de mortes de suspeitos de cometerem crimes em confrontos com a Polícia no Ceará cresceu mais de 26,74% no ano de 2016, em relação a 2015, de acordo com dados oferecidos no site da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). No ano passado, o setor de estatística da Pasta registrou 109 mortes de suspeitos nessa condição, enquanto em 2015 aconteceram 86 casos.

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Dezembro foi o mês de 2016 que o número atingiu o ápice, com 19 mortes. Enquanto no último mês de 2015, foram registrados sete casos. O crescimento já havia começado nos meses anteriores. Em novembro do ano passado, a SSPDS já havia registrado 13 mortes de suspeitos, contra 11 em igual período do ano anterior. E em outubro de 2016, nove mortes, contra sete casos ocorridos no mês igual de 2015.

O aumento continuou no ano novo. Janeiro de 2017, até o dia 20, já soma a morte de pelo menos cinco homens suspeitos de cometerem crimes, após a reação policial, segundo os boletins diários da Secretaria de Segurança, que não contêm as estatísticas consolidadas.

Em nota, a SSPDS creditou o aumento do número de mortes de suspeitos em confrontos com a Polícia "à maior ousadia e violência dos criminosos" e frisou que todas essas ocorrências são investigadas em inquérito policial pela Polícia Civil e submetidas à apreciação do Ministério Público do Ceará (MPCE).
O titular da Pasta, André Costa ressaltou que "o policial sai de casa para salvar vidas e não para matar ninguém, entretanto, não pode deixar que o criminoso efetue disparos na rua, colocando inocentes ou os próprios policiais na linha de tiro". O secretário acrescentou que abusos por parte dos policiais e eventuais grupos de extermínio e chacinas nunca serão defendidos e, se constatados, serão punidos com o rigor da lei.

Adolescentes
Neste mês de janeiro, a maioria dos suspeitos mortos em confronto com a Polícia, no Estado, foram adolescentes infratores. O último caso aconteceu na sexta-feira (20), no município de Aracati. Em abordagem do Comando Tático Rural (Cotar) em um ponto de tráfico de drogas, um jovem subiu no telhado de uma residência e apontou uma arma de fogo para a composição policial, mas foi alvejado e morto antes que realizasse o disparo, segundo a Polícia.
No dia 10 de janeiro, um trio roubou um veículo, no bairro Ellery, em Fortaleza. O Batalhão de Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) foi acionado e localizou os assaltantes em fuga. De acordo com a Polícia, um adolescente suspeito foi morto após reagir e trocar tiros com a composição policial. Os outros dois suspeitos acabaram presos.

Quatro dias após essa ocorrência, o secretário de segurança visitou a tropa do BPRaio para parabenizá-la pela ação que terminou na morte do jovem. Indagada sobre a atitude de André Costa, a SSPDS afirmou que "ações policiais que resultem, ao final, em vítimas de crimes que saiam ilesas e cujos bens sejam restituídos, serão sempre parabenizadas pelo secretário".

Policiais alvos
Algumas mortes de suspeitos chamaram a atenção da população cearense por ter os próprios agentes de segurança como alvos dos crimes. No dia 2 de janeiro, por exemplo, um policial civil reagiu a uma tentativa de assalto no bairro Cristo Redentor, em Fortaleza, matou o assaltante Everton da Silva Lima, 28, e sofreu um tiro no abdômen, sendo levado em estado grave ao Instituto Dr. José Frota (IJF), onde segue em tratamento até hoje.

Alguns dias antes, no último 28 de dezembro, foi a vez de um policial militar reagir à uma tentativa de assalto, no município de Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e matar o suspeito Paulo Renato da Costa Lopes, 18.


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O número de ocorrências registradas em dezembro se intensificou na última semana do ano passado. Entre os dias 26 e 27 de dezembro de 2016, quatro suspeitos de assaltos foram mortos na Capital e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Entretanto, apenas duas mortes foram atribuídas à ação policial: no primeiro dia, uma quadrilha que havia assaltado uma loja de telefonia no bairro Aldeota foi perseguida e trocou tiros com uma equipe da Polícia Militar, o que resultou na morte de um homem suspeito; no segundo dia, em ocorrência semelhante, um suspeito de praticar um assalto no bairro Parquelância também foi morto em troca de tiros com a composição policial.

As outras duas mortes aconteceram em um assalto a um ônibus em Caucaia, na RMF, na noite do dia 26. Os disparos de arma de fogo fatais foram efetuados por um passageiro do coletivo, que não foi identificado.
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